segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

PENSAR A PAZ EM VOZ ALTA

Por Altino Ferreira

Como nunca é fácil analisar a paz convém deixar claro que estou aproveitando esta via apenas para “pensar alto”.
Por que a guerra? Esta questão foi feita por Einstein a Freud numa das várias cartas que trocaram. Esta questão, que ainda impera, parece ser sem sombras de dúvidas das mais difíceis de se responder, na medida em que até esta continua a haver registos de guerras, conflitos e todas as formas de violência.
Recentemente Galtung (1996) fez a síntese do seu conceito de paz, que quanto a mim ajuda de certa forma a resolver a questão da violência em Safende. Segundo Galtung Paz = paz directa + paz estrutural + paz cultural.
 Para pensar a paz em Safende convém questionar quais os tipos de violências existem e, quais podemos combater. Se não vejamos:
Será que a principal forma de violência no nosso bairro (Safende) é a violência pessoal ou directa que acontece quando, por exemplo, os Thugs brigam? Será que devemos nos dedicar totalmente na resolução dessa forma de violência?
Será que a violência estrutural, resultante da desigualdade de poder e da injustiça social constitui a principal forma de violência em Safende? Será que este é o alvo a abater?

E ainda será que a violência cultural, aquela que se traduz no sistema de normas e comportamentos que legitimam socialmente as duas anteriores é a principal forma de violência em Safende? Será que devemos nos estribar para combatê-la?

Minha gente é claro que em Safende todas as formas de violência devem ser atacadas, mas devemos ser espertos para saber que não cabe a nós moradores resolver a violência estrutural (a não ser por meio de instigação a autoridades competentes através de varias vias) e, nem nossa prioridade tentar resolver aviolência pessoal ou directa.

Parece-me consensual a percepção de que a nossa sociedade legitima vários vícios extremamente nocivas a sã permanência e convivência. Não é minha intenção dar vários exemplos intuindo estar a fundamentar o que acabei de referir. Posso aqui adiantar um exemplo simples que qualquer um poderá transpor para outros variadíssimos casos.

A alguns meses uma senhora foi brutalmente agredida pela vizinha por tê-la denunciado estar a criar porcos. O que me assustou foi o facto dos demais vizinhos concordarem com a agressora, sob o pressuposto de que a agredida não devia denunciar.       

Essa questão parece de menor relevância precisamente porque estamos culturalmente formatados para aceitar como correcto algo totalmente absurdo.
Relativamente a violência pessoal ou directa particularmente no que se refere aosThugs acredito que nem as autoridades nem as ONGs têm agido de forma cordata.
A mim parece um pouco descabido projectos de unificação dos thugs, na medida em que todos os delitos devem ser sancionados dentro do quadro legal cabo-verdiano. Se se deve punir uma pessoa por destruir propriedades colectivas ou públicas também pela mesma via deve-se sancionar um jovem thug que destrói o bem colectivo de suma importância denominado de paz.

Quanto a mim as associações de Safende deveriam preocupar com a mitigação dos vícios legitimados pela sociedade e na pacificação desses jovens (denominados thugs) com a sociedade. Na realidade não é bom unir os thugs com thugs, mas sim joves thugs com a sociedade, porque não é possível haver uma guerra se as pessoas acreditarem que a violência não funciona e isso só saberão os nossos thugs quando estiverem na sociedade contribuindo para o desenvolvimento da sua comunidade. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

POR QUE A CORUJA NA NOITE

Por influência da mitologia grega, tanto que Atena, deusa da guerra e da sabedoria, tinha uma coruja como mascote. Os gregos consideravam a noite como o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual e a coruja, por ser uma ave nocturna, acabou representando essa busca pelo saber. Há ainda uma outra explicação para tal relação, da qual, certamente, o animal não se orgulharia tanto. Com seus olhos grandes e desproporcionais, a coruja se tornou também símbolo da feiúra. Numa língua nórdica antiga, ela era chamada de ugla, palavra que imitava o som emitido pela ave e que daria origem ao termo ugly, "feio" em inglês. "Assim, a coruja segue o estereótipo do sábio, que geralmente é tido como alguém mais preocupado com as divagações interiores que com a aparência externa", diz o helenista (estudioso da civilização grega) Antônio Medina Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP).